Maria Ana Costa foi a mãe da Beata Alexandrina e da Deolinda no início dos anos de 1900. Baptizou-a o P.e António Martins de Faria no dia 24 de Janeiro de 1877.
Aos 24 dias do mês de
Janeiro do ano de 1877, nesta Igreja Paroquial de Santa Eulália de Balasar,
concelho da Póvoa de Varzim, Diocese de Braga, baptizei solenemente um
indivíduo do sexo feminino, a quem dei o nome de Maria e que nasceu
nesta freguesia às cinco horas da manhã do dia 22 do mesmo mês e ano, filha
legítima de José António da Costa, lavrador, natural desta mesma
freguesia, e de Ana Joaquina Leitão, lavradora, natural da freguesia de
Minhotães, concelho de Barcelos, desta mesma diocese, e na mesma recebidos, e
paroquianos e moradores no lugar de Gresufes desta freguesia de Balasar, neta
paterna de Manuel António da Costa e de Joaquina Maria de Freitas
e materna de Francisco Manuel de Araújo e de Maria Joaquina Leitão.
Foi padrinho Manuel António da Costa e madrinha Maria Joaquina Leitão,
lavradores, os quais todos sei serem os próprios.
E para constar lavrei em
duplicado este assento que, depois de ser lido e conferido perante os
padrinhos, comigo o assinou o padrinho, não assinando a madrinha por não saber
escrever.
Era ut supra.
O Padrinho – Manuel António
da Costa
O Reitor – António Martins
de Faria
Há uma fotografia talvez dos anos 50 onde se vê a D.
Maria Ana da Costa com mais três irmãs junto da Beata Alexandrina. As duas que
estão contra a janela, da direita para a esquerda, são a Deolinda, que casou
para Santa Vaia de Rio Covo, madrinha da irmã da Alexandrina, também
chamada Deolinda, e a Adelaide, que casou para Arcos (?). A que está sentada à
esquerda é a Felismina, que casou para Grimancelos.
As restantes senhoras são a Deolinda, irmã da
Alexandrina, e a D. Sãozinha.
Esta interpretação da fotografia foi-nos dada há quatro anos neste e-mail:
Começando pela fotografia, que muito agradeço... Segundo a minha tia Felismina, que vive em Chorente, e seguindo a ordem contrária ao movimento dos ponteiros do relógio, a primeira Senhora de cima é a Maria, mãe da beata Alexandrina (era a mais velha de todos os irmãos). Segue-se a Deolinda que casou para Santa Vaia de Rio Covo. Era Mãe do Dr Aparício ainda vivo, e madrinha da irmã da Alexandrina, também chamada Deolinda. Depois vem a Adelaide, mãe do Gaspar Nogueira que ainda vive em Arcos. A seguir vem a minha Avó, Felismina Ana da Costa, que era a mais nova de todos os filhos. Ao centro está a Deolinda, irmã da Alexandrina com um ar um tanto quanto triste. Quanto à última Senhora, a minha tia Felismina não conseguiu identificá-la (é a Prof.ª Sãozinha).Alguém nos diz agora que a identificação aqui feita não corresponde à realidade e que as duas senhoras que estão junto à janela são filhas do Tio Joaquim e que a jovem sentada à esquerda é a Felismina Martins. Esperamos um dia tirar isto a limpo.
Havia na família pelo menos dois homens, o Tio Joaquim e um outro que emigrou para o Brasil.
A família de
António Gonçalves Xavier
Foi também o reitor António Martins de Faria que baptizou António Gonçalves Xavier,
o pai da Alexandrina; ele pertencia a uma família de padeiros de Vila Pouca.
Aos 29 dias do mês de Abril do ano de 1875, nesta igreja paroquial de Santa Eulália de Balasar, concelho da Póvoa de Varzim, diocese de Braga, baptizei solenemente um indivíduo do sexo masculino, a quem dei o nome de António, e que nasceu nesta freguesia às dez horas da noite do dia 28 de mesmo mês e ano, filho legítimo de José Joaquim Gonçalves Xavier e de Ana Maria de Sousa, padeiros, naturais desta mesma freguesia e nela recebidos, paroquianos e moradores no lugar de Vila Pouca, neto paterno de Joaquim Gonçalves Xavier e de Ana Maria da Silva e materno de António Fernandes Campos e Maria Serge. Foi padrinho António da Costa Reis e madrinha Maria Sousa, casados, lavradores, os quais todos sei serem os próprios. E para constar lavrei em duplicado este assento que, depois de ser lido e conferido perante os padrinhos, comigo o assinou o padrinho. E não assinou a madrinha por não saber escrever. Era ut supra.
O Padrinho – António da Costa Reis
O Reitor – António Martins de Faria
Deolinda escreve sobre o pai
Era um aventureiro: foi várias vezes ao Brasil. A
minha mãe tinha ido às Termas do Gerês a curar-se e foi lá que o conheceu.
Quando a aminha mãe verificou que estava grávida (de Deolinda), ele já tinha voltado para o Brasil. Escreveu-lhe a
dar a notícia e ele respondeu dizendo: - Quando viltar, casamos… E escolheu ele
mesmo os meus padrinhos (de baptismo).
Voltou do Brasil quando eu tinha já os meus dois anos
e começou novamente a andar atrás da minha mãe. Mas como a família (dele) se opunha, ela disse-lhe
claramente que naquelas condições não o podia receber… Então ele apresentou-se
à minha avó e ao meu tio Joaquim e combinou o casamento: já estavam a procurar
casa quando ele teve de ir à Póvoa para se curar duma doença contraída ano
Brasil…
Um dia em que a minha mãe tinha ido a Vila do Conde a
vender hortaliça, na viagem de regresso passou pela Póvoa onde tinha combinado
um encontro com ele para o informar de estava novamente grávida (nascerá a Alexandrina). Mas da casa
donde ele tinha saído saiu também uma mulher que lhe disse: Xavier, as minhas
tesouras não estarão no teu quarto?
A minha mãe teve assim a confirmação das vozes que já
circulavam. Xavier protestou que era tagarelice. Mas de facto dentro de pouco
tempo casou com aquela mulher da Póvoa.
A minha mãe chorou lágrimas amargas e desde então, por
toda a vida, vestiu-se sempre como viúva e dedicou-se exclusivamente à educação
das duas filhas…[1]
Maria Ana da Costa conhecia com certeza António Xavier
desde a infância, pois Vila Pouca e Gresufes são pegados e as casas dos pais
dos dois não distavam mais de 300 metros. O que fizeram nas termas foi sem
dúvida estreitar uma relação que antes era só de vizinhança.
O pai da Alexandrina casou em 15 de Janeiro de 1904,
na Póvoa de Varzim, com Elvira Alzira de Oliveira e faleceu em 6 de Outubro de
1944, com 59 anos.
O pai de
António Gonçalves Xavier
O avô paterno da Alexandrina assinava José Gonçalves
Xavier (e não José Joaquim Gonçalves
Xavier, como se encontra no assento de baptismo do filho), era padeiro e nasceu
em 1838; faleceu em 1905, em 19 de Julho, com 67 anos. Fez testamento em 11 do
mesmo mês e ano. Nesse documento encontram-se algumas informações que merecem
ser registadas.
Disse mais ele testador que é legitimamente casado Ana
Maria de Sousa e deste seu matrimónio existem os filhos e netos seguintes:
Joaquim, casado, António, casado, e Olívia, solteira, de maior idade, e os
netos Laura e Olívia, menores, únicos filhos de seus falecidos filho e nora,
Fernando e mulher Joaquina, moradores que foram nesta freguesia, aos quais seus
únicos filhos e netos nomeia e institui por seus únicos herdeiros (…)
O António de facto, no ano anterior, cometera a
cobardia de casar com uma poveira deixando na sua terra duas meninas sem pai e
uma jovem mãe sem marido.
As meninas de D. Maria Ana, ali de tão perto, não foram
reconhecidas como netas pelo avô… cujo nome Xavier ocorre nas listas de
leitores.
Imagens de cima para baixo:
- Irmãs de D. Maria Ana e outras senhoras;
- Lápide funerária da D. Ana e da Deolinda;
- Assento de Baptismo do pai da Beata Alexandrina;
- Primeira página do testamento do avô paterno da mesma.
[1]
Costa, Alexandrina Maria, Figlia del
Dolre Madre di Amore, tradução e notas do Sasal Signorile,
Mimep-Docete, pág. 37.
Excelente artigo sobre a família da Beata Alexandrina.
ResponderEliminarParabéns amigo José. Gostei muito e, talvez saiba o que vou querer fazer...
Pô-lo no "Site dos amigos da Beata Alexandrina". Que diz à ideia?
À vontade, Afonso.
ResponderEliminarMas vem aí mais informação que considero bem interessante.
Bom dia professor. Sou da família BOUCINHA. Existe muita familia no Brasil que estao muito ingressados e saber de suas origens. Sabem que a origem é concelho da Póvoa de Varzim, mas anseiam muito elaborar a arvore genealógica precisando para isso conhecer detalhes desse Manuel da Costa Boucinha, os Gonçalves Boucinha, os Fernandes Boucinha entre muitos outros. Qualquer informação que nos possa fornecer ficaremos imensamente grata. Desde já o nosso muito obrigada. Maria Boucinha
ResponderEliminarAntes de mais, peço-lhe que escreva para o meu e-mail: jsf0449@gmail.com.
EliminarEu possuo informação sobre alguns Boucinhas, não muita, e terei muito gosto em partilhá-la.
José Ferreira